23.2.14



Sangue escorre na pálida planície
Meros pés rústicos de pão e pedra
                  Caminham
Há vibrações no ar
                                 Gélidas
                                                Cortantes no cerne

E  eles que não têm nome
                                                 Nem um corpo que se veja
Quebram a planície que Deus lhes dá .

Conhecem os nomes dos reinados do vácuo
E de quantos corpos é feito um astro .

Existe a náusea cercante das suas cinturas
                                               Com bichos pregados .

Seus cabelos são achatados            pensamentos dispersos .
Decerto beijaram Osíris
Nos seus pulsos perfumados .

Quando se cruzam para a errante última

Seus olhos são âmbar  seus corpos o ar .

11.2.14






Gritas pela noite dentro
Tuas mágoas de coração desfeito .

Em teus braços habitam as ruas
Sem nome de lábios enxaguados .

Procuras o desafogo da distância
Da perda de um alado fogo consumado .

Nevoeiro , entranhas , insónias
Dedos , frases e milagres .

Comes , dormes , lês
Voltas a dormir e respiras .

O que és tu mais do que um soldado da Vida ?



2.2.14

vácuo dos dias


um vácuo no meu cerne . A vontade sempre infinita de preencher a mente de conceitos póstumos , raciocínios    negar o ócio genético humano .
Durmo , como , escrevo  -  palavras destemidas sob a luz lunar .
Respiro , leio , absorvo  -  paisagens momentâneas de transeuntes .
Alguém me rasga o cérebro e o espreme para beber com sofreguidão . Adormeço na vã tentativa  de abrir as pálpebras e achar a Vida .

Tacteio as ruas desta cidade onde nunca encontrei o amor . Procuro achar-lhe um novo espírito diário no quotidiano ( a bela utopia para os refrescantes almas ) .
Apenas as crianças vêm o mundo sorrir com pedras nas suas mãos . Correm sobre elegantes jardins , sorrindo á vida que eternamente os aguarda .
Como é bom ser criança e respirar todas as certezas de uma só vez !
Mas um dia há um tiroteio .
A cidade acorda sobressaltada e correm para a rua   desvairados .
Morrem sem sentido na calçada
                      Outras lambuzem-se no sangue quente .
O charco negro se inicia – (semivida ? )
Átomos e seus empilhamentos entranham-se na madrugada lunar :
És poeira cósmica
Sangram-te os cabelos no mar
As árvores na sua crosta são a casa
Que desabitas pela tua alma incerta

O teu braço me procura

No teu tiroteio ?