Toca piano farpado
Inicia-se a corrida do leve vestígio de memória
Breve efémera .
Entre nós
há o abismo da solidão .
Entre nós correm rios de pele áspera .
O castigo de conter um corpo tão
impregnado
De sais emoções desarmamentos
É a melancolia náusea
desconcerto .
Mergulha-se na corrente febril das
palavras e elas acharão por si mesma o túnel.
Que venham puros nomes
Magnetizar constelações
Sistemas , o universo absoluto
Que se abençoem os amantes
Por não existirem palavras
Para os seus soluços
Para
os seus gemidos
Para os seus braços rasgados
Recolhemos-nos um momento
Como breves carapaças á chuva
Ouçamos o silêncio da cidade
moribunda
És um corpo físico
, imenso
Existes e isso basta .
Outros pisaram esta terra de calçada portuguesa
E outros virão na tua alçada
Sejamos agora uma possessão pura
Fruto de um devaneio inútil
Adormece no meu regaço enquanto
Trabalho a atmosfera do pensamento .