21.4.13

Ruído




Sinto-te a deslizar vagarosamente por essas curvas profundas . escorregando suavezinho como quem tem medo de encontrar. A sussurrar pequenino como já tudo esperasse .

Tempo é um feia palavra em nosso dicionário . Aguardámos séculos de segundos, reinados de milésimos para um curto palpitar . Não existem corações sincronizados nem nós acreditámos em tal miragem mas eu sei que á noite contas as estrelas do céu . Eu sei que á noite contas histórias de adormecer . Pergunto-te :” Consegues ?” . Comparam-te a uma estátua de cal pela tua serenidade de morte . e descobrem assim o teu ponto forte no império de confusos pensamentos em que habitas . escreve-me as tuas histórias . dá-me uma prova de que nosso palpitar foi perfeito .  Não sentes todo este ruído á nossa volta ?

9.4.13

Arabescos




A chuva desliza sobre meus ombros
Recaindo numa poça de cristais

E tuas mãos mantêm-se fixas em minhas ancas
Tem palpitar afogado no fervor da noite

Tua língua desenha mil arabescos de volúpia
Rasgando-me o horizonte durante a madrugada


Amanhecer se coloca na janela
E pinta-se em tons bordados sobre tuas costas de fogo

Prendes-me o pescoço entre carícias de flores e
escreves  em letra miúda quantas linhas tens no coração .