8.8.20

Desonestidade


Se por baixo de cada mentira
Existe outra a florescer,
Quando te irei apanhar meu amor?

Quando ouvirei o verdadeiro som do teu coração?

Rezo abraçada a deuses
Pelo colo da minha avó
 E sua doce voz a sussurrar "fecha os olhos, todo o mal irá passar"

Da sua casa fez um universo
Do seu coração, a verdade.

Ela dizia "todas as mentiras irão colidir à verdade"

Mas tu és o maestro desta orquestra!
Ditas a verdade ou a mentira,
O tempo e compasso desesperado dos meus passos

- Caminho em teu redor silenciosamente
para retirar a seda do perdão dentro de mim

que nos envolverá na quimera futura.

Consegues sentir as minhas preces? Meu desespero?

 

Celebra comigo este dia; não vás em vão.

Rodeia minha cintura de laços rosa  

Minha mente de partículas de luz.

 

Não sou eu a tua pétala de chuva?

Crime




É algum crime ainda te querer?

Desejar no meu cerne que o teu corpo clame pelo meu?

 

O meu amor tem sido mais vasto que nossas montanhas

Duro e rochoso contra os anos e a solidão

 

meus lábios gretados 

uma rosa escurecida e esquecida-

 

E subitamente o tempo é uma preocupação:

o medo de não regressar e não deslizar novamente pela chuva

 

Não consigo te dar mais do que esta atenção e sedução

A tua boca não sabe á nossa

Conseguem te dar tudo isto? A vida? As veias?

 

É algum crime querer-te novamente?